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Literatura Brasilera

A POESIA SERTANEJA

 
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Apesar disso, mesmo os críticos mais implacáveis de Varela reconhecem os momentos felizes de sua obra. É o caso de alguns poemas constituídos por pequenos flagrantes da natureza e da vida campestre, elaborados numa linguagem coloquial e sugestiva.

Como nenhum outro romântico, conheceu a fundo o universo rural brasileiro. Suas descrições parecem captar as cores, os cheiros e os sons do cotidiano do interior, como neste fragmento de A roça:
O balanço da rede, o bom fogo
Sob um teto de humilde sapé;
As palestras, os lundus, a viola,
O cigarro, a modinha, o café;
E depois um sorrir de roceira,
Meigos gestos, requebros de amor;
Seios nus, braços nus, tranças soltas,
Moles falas, idade de flor; (...)

Na observação de um crítico, é só no campo que Varela se sente à vontade, pois está longe da degradação dos vícios urbanos. Em contato com a vida rural, sua expressão poética adquire a originalidade que lhe falta no resto dos textos. Os versos singelos e musicais evocam a todo instante a flora e a fauna sertanejas, como em A flor do maracujá:

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!(...)
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá. (...)

No poema As letras, que refere o velho hábito interiorano de gravar o nome da amada no tronco de árvores, o poeta faz uma encantadora reflexão sobre a passagem do tempo, sobre a saudade mesclada com o desejo de reencontro, e sobre as ilusões que se perdem:

Na tênue casca de verde arbusto
Gravei teu nome, depois parti;
Foram-se os anos, foram-se os meses,
Foram-se os dias, acho-me aqui.
Mas ai! o arbusto se fez tão alto,
Teu nome erguendo, que mais não vi!
E nessas letras que aos céus subiam
Meus belos sonhos de amor perdi.

CÂNTICO DO CALVÁRIO
A obra-prima inquestionável de Fagundes Varela resulta da perda de seu filho, ainda pequenino. Trata-se de uma elegia* em versos brancos, capaz de comover até hoje, não apenas pela sinceridade do sofrimento paterno, mas também pela beleza dramática das metáforas que parecem antecipar a linguagem poética do Simbolismo. Observe-se a parte inicial de Cântico do Calvário:
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro*.
Eras a messe* de um dourado estio*.
Eras o idílio* de um amor sublime.
Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto - caíste! - Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo* da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!

* Elegia: poema fúnebre ou simplesmente melancólico
* Pegureiro: pastor de rebanhos
* Messe: colheita
* Estio: verão
* Idílio: amor poético.
* Acerbo: amargo.
* Lousa: pedra que cobre a sepultura

 

 
 
 
 
   
 
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